Viajar é preciso

A simples idéia de uma volta ao mundo nunca me pareceu muito viável. Acompanhei, através de leitura, algumas aventuras. Umas por mar, o que não é minha praia, outras por terra, de mochila nas costas ou de bicicleta, o que sempre me pareceu mais impossível ainda! Porém, pelo simples fato de nunca ter me interessado pelo tema, nunca soube como é comum o chamado overlanding: a viagem de carro através das fronteiras entre países e continentes. Não tinha a menor idéia até receber um certo presente...

Após 10 anos trabalhando como empresário, fazendo parte de uma equipe à frente de um projeto de grande sucesso para a criação de uma companhia de prestação de serviços ambientais, ficava cada vez mais clara a necessidade de uma “reciclagem”, um período mais afastado das metas e desafios profissionais e mais próximo do foco pessoal. Uma espécie de retribuição à saúde física e mental pelos períodos de estresse. Foi a partir da constatação dessa necessidade que surgiu a idéia de um período sabático. Ao mesmo tempo, a Danusa também demonstrava sinais de que um período desses seria super bem-vindo. Após alguns bons anos trabalhando como advogada, uma época mais pacata soava muito bem aos seus ouvidos. Durante o último ano, conversávamos muito sobre esse sonho. Não sabíamos exatamente o que fazer com essa folga, mas existia uma palavra mágica no ar: viajar!

O nosso processo de afastamento do trabalho durou cerca de um ano. Obviamente, não é fácil. Pra mim foi mais definitivo. Para a Danusa, temporário através de uma licença. A grande idéia surgiu quando estávamos indo para Fernando de Noronha, em junho de 2009, quando recebi da Du um presente com segundas e terceiras intenções: o livro Challenging Your Dreams - Uma Aventura Pelo Mundo”, do casal Grace Downey e Robert Ager. Trata-se de um lindo livro, com foco fotográfico, contando os cerca de três anos que os dois viajaram de carro pelos quatro cantos do mundo. O que parecia para mim muito complicado estava ali contado em um belo exemplar literário, repleto de fabulosas paisagens e largos sorrisos. Surgiu, então, entre os dois assentos do avião uma troca de olhares com a pergunta: “- por que não?!”, depois momentos do tipo: “- se você topar eu topo!!”, seguidos de alguns: “- será que é realmente possível?!”. E com mais algumas folheadas no livro: “- VAMOS!!!”. Desde então estávamos totalmente decididos. Todas as ações foram voltadas para viabilizar a viagem e em nenhum momento tivemos dúvidas ou incertezas de que valeria a pena. A cada momento em que caía a ficha de uma futura situação de desconforto, surgiam dez expectativas de momentos de esplendor que faziam com que todo desconforto valesse a pena.

Depois da parte mais difícil, a decisão, vieram as primeiras planilhas e listas: o que ter, o que fazer, aonde ir, o que levar, como levar! Uma eternidade! Para cada pergunta respondida surgiam dez novas. Nesse momento, o contato com quem já fez esse tipo de projeto, tanto em conversas pessoais através da consultoria (fizemos contato com a Grace e com o Rob e conseguimos contratá-los como consultores), como as pesquisas na internet (santa e aparentemente interminável fonte de informação!), foi nos acalmando e nos fazendo perceber o quanto é viável viajar por longo tempo. Daí em diante foi uma questão de organização, que, para nossa sorte, é uma das “neuras” do casal.

Um ponto interessante foi contar às pessoas. Familiares, amigos, conhecidos...Recebemos todos os tipos de reação...A maior parte foi de “- que maravilhoso! parabéns pela iniciativa!”. Porém, não faltaram os “- não é perigoso?!”; “- vão levar alguma arma?!”; “- como vocês irão ao banheiro?”. De toda forma, tivemos muito apoio e a clara sensação de que deixaremos saudades nesses quase dois anos ausentes.

 
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